Àquela altura, no meio do caminho, uma imensa árvore de galhos frondosos e traiçoeiros faria da natureza parte da história. Partiria o corpo do bandeirante moderno.
Bernardo Sayão (1901-1959) faz parte do mito de fundação de Brasília. Bandeirante moderno. Pioneiro do Oeste brasileiro. Seja o que for, o sobrenome descomunal nos enche de orgulho ainda hoje, quando tudo parece tomar a estrada errada. Vítima de uma tragédia na construção da rodovia Belém-Brasília, o engenheiro tem vida e obra contadas no livro de Sérgio de Sá com paixão e rigor, entre a herança familiar e as esperanças e ruínas de um país.
A morte trágica, inesperada e de uma beleza inexcedível transformou o engenheiro Bernardo Sayão em um mito amado e reverenciado pelo povo. Determinado, impetuoso, ele já era um herói; suas aventuras corriam por todo lado, desde os acampamentos de candangos até a mesa do presidente Kubitschek, que nele encontrou um dos mais sólidos esteios para a construção de Brasília. A figura monumental de Sayão, talhada em pedra, sua bravura de candango e pioneiro, o homem suado, de botas, coberto de poeira vermelha, ao alcance de todos, eram inspiração e esperança para os que lutavam na construção de um Brasil que se aprofundava geograficamente, desbravando campos, rasgando selvas, erguendo cidades.
Agora, chega a nossas mãos este livro tão fascinante quanto o personagem central, aqui revelado em sua comovente humanidade: fé, obstinação, sofrimento, incompreensão, grandeza… O escritor e jornalista Sérgio de Sá recolheu estas memórias não apenas sobre seu avô, Bernardo Sayão, como sobre a não menos extraordinária família, todos entrelaçados aos destinos do Brasil. Em uma narrativa que une a agilidade do jornalismo, a severidade do texto acadêmico e a graciosidade da literatura, o livro vai nos transportando por mundos arriscados, furiosos, selvagens, onde a coragem, a paixão e o sonho são uma questão de sobrevivência. Leitura imperdível para quem deseja conhecer as entranhas de nosso país.
Ana Miranda
Neto de Bernardo Sayão, Sérgio de Sá nasceu em Brasília, em 1970. Jornalista, crítico literário e professor associado na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), é autor de Roberto Corrêa – caipira extremoso (Coleção Brasilienses, vol. 2) e A reinvenção do escritor – literatura e mass media (Editora UFMG).
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